"Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos." Salmos 119:105
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
O Desejado de Todas as Nações ( DTN ). Capitulo 1
Capítulo 1 — “Deus conosco”
Ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: ”Deus
conosco)”. Mateus 1:23. O brilho do “conhecimento da glória de
Deus” vê-se “na face de Jesus Cristo”. Desde os dias da eternidade
o Senhor Jesus Cristo era um com o Pai; era “a imagem de Deus”, a
imagem de Sua grandeza e majestade, “o resplendor de Sua glória”.
Foi para manifestar essa glória que Ele veio ao mundo. Veio à Terra
entenebrecida pelo pecado, para revelar a luz do amor de Deus, para
ser “Deus conosco”. Portanto, a Seu respeito foi profetizado: “Será
o Seu nome Emanuel”. Isaías 7:14.
Vindo habitar conosco, Jesus devia revelar Deus tanto aos homens
como aos anjos. Ele era a Palavra de Deus — o pensamento de
Deus tornado audível. Em Sua oração pelos discípulos, diz: “Eu lhes
fiz conhecer o Teu nome” — misericordioso e piedoso, tardio em
iras e grande em beneficência e verdade — “para que o amor com
que Me tens amado esteja neles, e Eu neles esteja”. João 17:23. Mas
não somente a Seus filhos nascidos na Terra era feita essa revelação.
Nosso pequenino mundo é o livro de estudo do Universo. O maravilhoso
desígnio de graça do Senhor, o mistério do amor que redime,
é o tema para que “os anjos desejam bem atentar”, e será seu estudo
através dos séculos sem fim. Mas os seres remidos e os não caídos
encontrarão na cruz de Cristo sua ciência e seu cântico. Ver-se-á
que a glória que resplandece na face de Jesus Cristo é a glória do
abnegado amor. À luz do Calvário se patenteará que a lei do amor
que renuncia é a lei da vida para a Terra e o Céu; que o amor que
“não busca os seus interesses” (1 Coríntios 13:5) tem sua fonte no
coração de Deus; e que no manso e humilde Jesus se manifesta o
caráter dAquele que habita na luz inacessível ao homem.
No princípio, Deus Se manifestava em todas as obras da criação.
Foi Cristo que estendeu os céus, e lançou os fundamentos da Terra.
Foi Sua mão que suspendeu os mundos no espaço e deu forma às
flores do campo. “Ele converteu o mar em terra firme”. Salmos 66:6.
“Seu é o mar, pois Ele o fez”. Salmos 95:5. Foi Ele quem encheu aTerra de beleza, e de cânticos o ar. E sobre todas as coisas na terra,
no ar e no firmamento, escreveu a mensagem do amor do Pai.
Ora, o pecado manchou a perfeita obra de Deus, todavia permanecem
os traços de Sua mão. Mesmo agora todas as coisas criadas
[10] declaram a glória de Sua excelência. Não há nada, a não ser o cora-
ção egoísta do homem, que viva para si. Nenhum pássaro que fende
os ares, nenhum animal que se move sobre a terra, deixa de servir a
qualquer outra vida. Folha alguma da floresta, nem humilde haste
de erva é sem utilidade. Toda árvore, arbusto e folha exalam aquele
elemento de vida sem o qual nenhum homem ou animal poderia
existir; e animal e homem servem, por sua vez, à vida da folha, do
arbusto e da árvore. As flores exalam sua fragrância e desdobram
sua beleza em bênção ao mundo. O Sol derrama sua luz para alegrar
a mil mundos. O próprio oceano, a origem de todas as nossas fontes,
recebe as correntes de toda a terra, mas recebe para dar. Os vapores
que lhe ascendem ao seio caem em chuveiros para regar a terra a
fim de que ela produza e floresça.
Os anjos da glória acham seu prazer em dar — dar amor e infatigável
cuidado a almas caídas e contaminadas. Seres celestiais
buscam conquistar o coração dos homens; trazem a este mundo obscurecido
a luz das cortes em cima; mediante um ministério amável e
paciente operam no espírito humano, para levar os perdidos a uma
união com Cristo, mais íntima do que eles próprios podem avaliar.
Volvendo-nos, porém, de todas as representações secundárias,
contemplamos Deus em Cristo. Olhando para Jesus, vemos que a
glória de nosso Deus é dar. “Nada faço por Mim mesmo” (João
8:28), disse Cristo; “o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo
Pai”. João 6:57. “Eu não busco a Minha glória” (João 8:50), mas “a
dAquele que Me enviou”. João 7:18. Manifesta-se nestas palavras o
grande princípio que é a lei da vida para o Universo. Todas as coisas
Cristo recebeu de Deus, mas recebeu-as para dar. Assim nas cortes
celestes, em Seu ministério por todos os seres criados: através do
amado Filho, flui para todos a vida do Pai; por meio do Filho ela
volve em louvor e jubiloso serviço, uma onda de amor, à grande
Fonte de tudo. E assim, através de Cristo, completa-se o circuito
da beneficência, representando o caráter do grande Doador, a lei da
vida.
“No próprio Céu foi quebrantada essa lei. O pecado originou-se
na busca dos próprios interesses. Lúcifer, o querubim cobridor, desejou
ser o primeiro no Céu. Procurou dominar os seres celestes,
afastá-los de seu Criador, e receber-lhes, ele próprio, as homenagens.
Portanto, apresentou falsamente a Deus, atribuindo-Lhe o desejo de
exaltação própria. Tentou revestir o amorável Criador com suas pró-
prias más características. Assim enganou os anjos. Assim enganou
os homens. Levou-os a duvidar da palavra de Deus, e a desconfiar
de Sua bondade. Como o Senhor seja um Deus de justiça e terrível
majestade, Satanás os fez considerá-Lo como severo e inclemente.
Assim arrastou os homens a se unirem com ele em rebelião contra
Deus, e as trevas da miséria baixaram sobre o mundo.
A Terra obscureceu-se devido à má compreensão de Deus. Para
que as tristes sombras se pudessem iluminar, para que o mundo
pudesse volver ao Criador, era preciso que se derribasse o poder [11]
enganador de Satanás. Isso não se podia fazer pela força. O exercício
da força é contrário aos princípios do governo de Deus; Ele deseja
unicamente o serviço de amor; e o amor não se pode impor; não pode
ser conquistado pela força ou pela autoridade. Só o amor desperta o
amor. Conhecer a Deus é amá-Lo; Seu caráter deve ser manifestado
em contraste com o de Satanás. Essa obra, unicamente um Ser,
em todo o Universo, era capaz de realizar. Somente Aquele que
conhecia a altura e a profundidade do amor de Deus, podia torná-lo
conhecido. Sobre a negra noite do mundo, devia erguer-Se o Sol da
Justiça, trazendo salvação “sob as Suas asas”. Malaquias 4:2.
O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior,
formulado depois da queda de Adão. Foi a revelação “do mistério
que desde tempos eternos esteve oculto”. Romanos 16:25. Foi um
desdobramento dos princípios que têm sido, desde os séculos da
eternidade, o fundamento do trono de Deus. Desde o princípio, Deus
e Cristo sabiam da apostasia de Satanás, e da queda do homem mediante
o poder enganador do apóstata. Deus não ordenou a existência
do pecado. Previu-a, porém, e tomou providências para enfrentar
a terrível emergência. Tão grande era Seu amor pelo mundo, que
concertou entregar Seu Filho unigênito “para que todo aquele que
nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:16.
Lúcifer dissera: “Subirei ao céu, acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono. [...] Serei semelhante ao Altíssimo”. Isaía14:13, 14. Mas Cristo, “sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando
a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens”. Filipenses
2:6, 7.
Foi um sacrifício voluntário. Jesus poderia haver permanecido
ao lado de Seu Pai. Poderia haver retido a glória do Céu, e as homenagens
dos anjos. Mas preferiu entregar o cetro nas mãos de Seu Pai,
e descer do trono do Universo, a fim de trazer luz aos entenebrecidos,
e vida aos que estavam quase a perecer.
Cerca de dois mil anos atrás, ouviu-se no Céu uma voz de misteriosa
significação, saída do trono de Deus: “Eis aqui venho.” “Sacrifício
e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste. [...] Eis aqui
venho (no rolo do livro está escrito de Mim), para fazer, ó Deus, a
Tua vontade”. Hebreus 10:5-7. Nestas palavras anuncia-se o cumprimento
do desígnio que estivera oculto desde tempos eternos. Cristo
estava prestes a visitar nosso mundo, e a encarnar. Diz Ele: “Corpo
Me preparaste.” Houvesse aparecido com a glória que possuía com
o Pai antes que o mundo existisse, e não teríamos podido resistir à
luz de Sua presença. Para que a pudéssemos contemplar e não ser
destruídos, a manifestação de Sua glória foi velada. Sua divindade
ocultou-se na humanidade — a glória invisível na visível forma
humana.
Esse grande desígnio havia sido representado em tipos e símbolos.
A sarça ardente em que Cristo apareceu a Moisés, revelava
[12] Deus. O símbolo escolhido para representação da Divindade foi um
humilde arbusto que, aparentemente, não tinha nenhuma atração.
Abrigou, porém, o Infinito. O Deus todo-misericordioso velou Sua
glória num símbolo por demais humilde, para que Moisés pudesse
olhar para ela e viver. Assim na coluna de nuvem de dia e na de
fogo à noite, Deus Se comunicava com Israel, revelando aos homens
Sua vontade e proporcionando-lhes graça. A glória de Deus era restringida,
e Sua majestade velada, para que a fraca visão de homens
finitos a pudesse contemplar. Da mesma maneira Cristo devia vir
no “corpo abatido” (Filipenses 3:21), “semelhante aos homens”.
Aos olhos do mundo, não possuía beleza para que O desejassem;
e não obstante era o encarnado Deus, a luz do Céu na Terra. Sua
glória estava encoberta, Sua grandeza e majestade ocultas, para que
pudesse atrair a Si os tentados e sofredores.Por Sua humanidade, Cristo estava em contato com a humanidade;
por Sua divindade, firma-Se no trono de Deus. Como Filho do
homem, deu-nos um exemplo de obediência; como Filho de Deus,
dá-nos poder para obedecer. Foi Cristo que, do monte Horebe, falou
a Moisés, dizendo: “Eu Sou o Que Sou. [...] Assim dirás aos filhos
de Israel: Eu Sou me enviou a vós”. Êxodo 3:14. Foi esse o penhor
da libertação de Israel. Assim, quando Ele veio “semelhante aos
homens”, declarou ser o EU SOU. O Infante de Belém, o manso e
humilde Salvador, é Deus manifestado “em carne”. 1 Timóteo 3:16.
A nós nos diz: “Eu Sou o Bom Pastor”. João 10:11. “Eu Sou o Pão
Vivo”. João 6:51. “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. João
14:6. “É-Me dado todo o poder no Céu e na Terra”. Mateus 28:18.
Eu Sou a certeza da promessa. Sou Eu, não temais. “Deus conosco”
é a certeza de nossa libertação do pecado, a segurança de nosso
poder para obedecer à lei do Céu.
Baixando a tomar sobre Si a humanidade, Cristo revelou um
caráter exatamente oposto ao de Satanás. Desceu, porém, ainda
mais baixo na escala da humilhação. “Achado na forma de homem,
humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte
de cruz”. Filipenses 2:8. Como o sumo sacerdote punha de parte
suas suntuosas vestes pontificais, e oficiava no vestuário de linho
branco, do sacerdote comum, assim Cristo tomou a forma de servo, e
ofereceu sacrifício, sendo Ele mesmo o sacerdote e a vítima. “Ele foi
ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades;
o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele”. Isaías 53:5.
Cristo foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos
receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos
nossos pecados, nos quais não tinha participação, para que fôssemos
justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte. Sofreu
a morte que nos cabia, para que recebêssemos a vida que a Ele
pertencia. “Pelas Suas pisaduras fomos sarados”. Isaías 53:5.
Pela Sua vida e morte, Cristo operou ainda mais do que a restauração
da ruína produzida pelo pecado. Era o intuito de Satanás
causar entre o homem e Deus uma eterna separação; em Cristo,
porém, chegamos a ficar em mais íntima união com Ele do que se
nunca houvéssemos pecado. Ao tomar a nossa natureza, o Salvador
ligou-Se à humanidade por um laço que jamais se partirá. Ele nos
estará ligado por toda a eternidade. “Deus amou o mundo de tal ma-pequenino mundo, sob a maldição do pecado, a única mancha escura
de Sua gloriosa criação, será honrado acima de todos os outros
mundos do Universo de Deus. Aqui, onde o Filho de Deus habitou na
humanidade; onde o Rei da Glória viveu e sofreu e morreu — aqui,
quando Ele houver feito novas todas as coisas, será o tabernáculo de
Deus com os homens, “com eles habitará, e eles serão o Seu povo,
e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus”. Apocalipse
21:4. E através dos séculos infindos, enquanto os remidos andam na
luz do Senhor, hão de louvá-Lo por Seu inefável Dom — Emanuel,
[15] “Deus Conosco”
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